As mountain bikes 27.5 vieram para ficar ou são apenas uma
moda passageira fruto da sanha dos fabricantes para ampliarem seus
negócios? O Bikemagazine esteve na feira Brasil Cycle Fair e conversou
com alguns experts do mercado sobre o tema
Publicado em
11 de novembro de 2013
às
13:59
Marcos Adami / BikemagazineAs mountain bikes 27.5 vieram para ficar ou são apenas uma moda passageira fruto da sanha dos fabricantes para ampliarem seus negócios? O Bikemagazine esteve na feira Brasil Cycle Fair e conversou com alguns experts do mercado sobre o tema.
As rodas de 27 polegadas e meio ganharam espaço nos estandes e já são vistas nas ruas e competições em diversas regiões do Brasil.
Numa recente pesquisa feita na Europa pelo fabricante alemão de pneus Continental, o mercado europeu de mountain bike atualmente está dividido em 30% para bikes com aros 26, 15% para bikes com rodas 27.5. Já as bikes 29er ocupam 55% do mercado.
A verdade é que, na feira, praticamente todos os estandes das grandes marcas exibiam modelos 27.5. Das grandes marcas, apenas a Caloi e a Specialized não tinham a novidade. “A Caloi ainda não aposta nas 27.5. Eu pessoalmente acredito que com o tempo as rodas 26 vão desaparecer do mercado”, afirma Eduardo Rocha, diretor de marcas da Caloi.
A Specialized, por enquanto, não entrou nesse segmento e tampouco lançou modelos para 2014 com rodas 27.5, ou 650b, como a empresa chama essa nova roda.
A Trek, por sua vez, aposta nas bikes de rodas 27.5, mas na feira em São Paulo só havia um único modelo, uma full suspension de enduro.
A taiwanesa Giant trouxe uma ampla linha, assim como a KHS e a Scott, que é pioneira nessa tendência.
VANTAGENS
Na prática, uma bike equipada com rodas 27.5, é apenas 2,5cm maior que uma roda aro 26 no diâmetro externo se medirmos de fora a fora até a banda externa do pneu. Esse valor é de 6,3cm quando comparamos uma 26 com uma 29.
Se é inegável a vantagem das mountain bikes de aro 29 na hora de engolir obstáculos na trilha e nas descidas, e também para manter a inércia nos longos trechos de estradões, as 27.5, entretanto, não são unanimidade no mercado.
“A Continental fez um estudo com os 3 diâmetros de rodas. Resumindo é assim: a 29 demora mais para acelerar, mas depois que está embalada o ciclista gasta menos energia para manter a bike rodando. Eu corri a Brasil Ride com uma aro 29 e foi perfeito”, diz Márcio May, gerente comercial da Continental no Brasil, que conclui: “A tendência das mountain bikes aro 26 é irem sumindo.”
Entre os que defendem a nova 27.5, está André Ricardo Souto Maior, presidente da Soul Cycles. “Acho que a 29 é grande para a estatura média dos brasileiros. A 27.5 seria a bike ideal”, avalia.
A ideia de que a estatura do ciclista é um dos determinantes para a escolha do diâmetro da roda é adotada por muitos fabricantes.
O italiano Michele Bernardi, famoso construtor dos quadros Bernardi, acha que as rodas 29er são perfeitas para ciclistas de mais estatura e que as 27.5 podem ser ideais para a média do brasileiro.
A japonesa Shimano reconhece o lugar e a importância das bikes 27.5 e já tem componentes pensados para atender esse novo mercado. “Acho que essa questão das rodas pode ser comparado ao mundo do surfe. Existem vários tamanhos de prancha para atender aos vários biotipos de surfistas e para vários tipos de onda também. Se eu vou cair no mar e sei que as condições vão estar severas, eu vou com uma prancha mais longa. Acredito que o mesmo vai acontecer com as mountain bikes”, afirma João Magalhães, da Shimano.
Existem os céticos também. Aqueles que acreditam que tudo não passa de uma grande armação da indústria em busca de mais receita. Para o pessoal da Niner, marca norte-americana que exibe a opção pelo 29er embutido no próprio nome, afirma que rodas 27.5 são puro “bullshit”, apenas uma jogada de marketing para que a indústria lance novos componentes. A afirmação é de Marcello Poli, diretor de vendas da Niner no Brasil.
Nunca é demais lembrar das bikes de triathlon equipadas com rodas aro 26 (650C) nos anos 90 que já foram chamadas de revolucionárias, mas que a indústria abandonou a ideia há tempos e nem existem mais. Ao que parece, a tão anunciada vantagem aerodinâmica que as bikes com rodas 650C ofereciam se mostrou ineficiente na prática e quem apostou na ideia teve que retornar às rodas 700C.
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