segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

PEDALADAS NOTURNAS.

Depois de um dia duro de trabalho, para muitos, a noite é o único momento que se pode sair para pedalar. Pedaladas noturnas são uma excelente alternativa para quem não tem essa oportunidade durante o dia ou quer fugir do trânsito nas grandes cidades. A temperatura é agradável, o trânsito de veículos é menor, não há o perigo dos raios nocivos do sol e ainda sobra mais tempo de curtir os amigos e a bike.
Grupos noturnos existem em quase toda grande cidade brasileira e a maioria tem dias fixos na semana para os encontros. Em Mossoró, por exemplo, há pedaladas noturnas. Em cidades do interior, os bikers têm fácil acesso às estradas de terra como a nossa.
É o caso do gerente de vendas das Óticas Luana Emanuel Menezes. Maranhense radicado em Fortaleza residindo em Mossoró no interior do Rio Grande do Norte, Emanuel pedala pelo menos duas vezes por semana com os amigos nas trilhas do distrito de Mossoró ou nas cidades vizinhas. “Gosto da sensação de paz e do contato com a natureza, sem sequer cruzar com carros. Prefiro as noites de lua cheia, quando dá até para pedalar com o farol apagado, só com o luar”, diz


OS PERIGOS
Pedalar à noite exige cuidados especiais. O ciclista fica menos visível para os carros e a escuridão encobre os perigos da rua.
De acordo com um estudo conduzido nos EUA por Kenneth D. Cross e Gary Fisher, em 1977, os três tipos de acidentes mais comuns à noite são: o ciclista não vê um obstáculo (buraco, pedestre, pedra etc) e colide contra ele ou contra outro ciclista (normalmente ambos estão sem iluminação). E no terceiro, e pior caso, se envolve em um acidente com um veículo a motor.
O estudo indica ainda que 70% das ocorrências noturnas entre carros e bicicletas são colisões frontais ou atropelamentos em cruzamentos, num ângulo de 90º. Em apenas 21% dos acidentes noturnos entre bikes e carros o ciclista é atingido na traseira.
Segundo Kenneth e Fischer, o uso de farol na bicicleta seria o único meio de evitar acidentes noturnos em 80% dos casos de acidentes entre bicicletas e carros causados pela escuridão.
OS CUIDADOS
O ciclista deve fazer de tudo para ver e ficar mais visível no trânsito. Em alguns países o uso do farol dianteiro é obrigatório nas pedaladas noturnas. Nos Estados Unidos, os institutos de segurança no trânsito estimam que cerca de 75% dos ciclistas noturnos não utilizam um sistema adequado de iluminação.
O Código de Trânsito Brasileiro obriga a bike a possuir refletores na dianteira, traseira e nas laterais. Bikers prudentes devem investir em equipamentos e alguns cuidados para aumentar a própria segurança.
Usar apenas os refletores do tipo “olho de gato” deixam o biker vulnerável a acidentes. Por razões ópticas, a luz emitida pelos refletores abrange um ângulo de apenas 40º graus (20º para cada lado). Fora desse espectro o ciclista estará totalmente invisível para os motoristas. Usar um sinalizador de luz vermelha na traseira vai aumentar bastante a segurança do ciclista. Especialistas garantem que pisca-pisca rápido é mais seguro que sinalizadores com luz contínua ou que piscam lentamente.
Na dianteira, qualquer farol é melhor do que nenhum e o ideal é que o ciclista adote também o uso de uma luz branca na dianteira para que seja visto por automóveis e pedestres.
Via de regra, a 25 km/h um ciclista precisa de um farol com uma lâmpada halógena de 12 Watts de potência no mínimo (a 12 km/h uma lâmpada de 3W é o bastante). Nossos olhos se adaptam à escuridão e, em estradas muito escuras temos a capacidade de ver bem mais longe, mesmo com a iluminação de um farol halógeno de 3W. Entretanto, nas pedaladas urbanas, a iluminação pública e os faróis dos automóveis inibem a adaptação dos olhos e o ideal é usar um farol mais potente.
SISTEMAS E TECNOLOGIAS
Os primeiros faróis a carbureto usavam como combustível o gás acetileno, produzido da reação da água com o carbureto de cálcio. Depois vieram os eficientes faróis a dínamo. Ligados diretamente no pneu traseiro, o dínamo alimentava lâmpadas de filamento comum com corrente contínua ligadas a lâmpadas incandescentes de até 6 Watts. Esses são produzidos até hoje, mas têm o inconveniente de “pesarem” na pedalada e a intensidade da luz depende diretamente da velocidade da bike.
Atualmente os melhores sistemas de iluminação utilizam pilhas alcalinas ou baterias recarregáveis que alimentam lâmpadas halógenas, xenônicas ou os modernos LEDs, que são a última palavra em iluminação.
“Numa lâmpada incandescente comum, apenas 3% da energia consumida vira luz, o resto vira calor.
No caso dos LEDs, 30% da energia se transforma em luz, por isso são bem mais eficientes”, explica João Vassallo. Um farol com lâmpada LED ilumina o equivalente a quase dez vezes um farol com lâmpada halógena.
Watt é a unidade que mede a potência (Watt = volts x amperes) e não a intensidade da luz emitida. Por isso a comparação em Watts só pode ser feita entre faróis com lâmpadas da mesma tecnologia. A intensidade da luz é medida em lumens e é a relação lúmen por Watt (l/W) que vai determinar a eficiência de um farol. A intensidade da luz de um farol depende de fatores como a cor da luz, a sensibilidade dos olhos para aquela cor, o conjunto ótico e as lentes do farol.
TIPOS DE LÂMPADAS
São pelo menos quatro os tipos de lâmpadas mais usadas em faróis:
INCADESCENTE
As lâmpadas mais simples são as com filamento de tungstênio. Faróis com esse tipo de lâmpada são baratos, mas consomem muita energia e iluminam pouco.
HALÓGENA
As lâmpadas halógenas, usada na maioria dos faróis dos automóveis atuais, produzem uma luz mais intensa que as comuns. Muitos faróis para bikes utilizam esse sistema. O preço é acessível, consomem menos energia que uma lâmpada comum e a iluminação é satisfatória.
XENON
As lâmpadas do tipo HID (High Intense Discharge), também chamadas de Xenon, emitem uma luz branco-azulada e são até cinco vezes mais fortes que as halógenas. A luz emitida é realmente muito forte, por isso é perfeita para competidores. Mas elas têm alguns inconvenientes: custam caro, consomem muita energia (portanto exigem grandes baterias), as lâmpadas têm vida curta e um pequeno retardo na hora de acender.
LED
A última palavra em iluminação são as lâmpadas do tipo LED (Light Emitting Diode) que garantem a melhor relação lm/W na atualidade. Com uma elevada vida útil, baixo preço e consumo de energia, e alta capacidade de iluminação, os faróis do tipo LED avançam rapidamente no mercado automotivo com as chamadas super-LEDs, já presentes nos faróis e nas luzes traseiras de muitos carros europeus. Para se ter uma idéia, um farol de LED com 1W de potência já é o suficiente para pedalar tranqüilamente e com segurança. Na traseira, um sinalizador com 0.5W já dá conta do recado.
BATERIAS
“A potência de um sistema de iluminação está limitado à quantidade de energia que você consegue levar”, ensina João Vassallo. Ou seja, faróis que consomem muita energia vão precisar de uma grande bateria. Por isso é interessante optar por um farol de boa iluminação que consuma pouco. Novamente, os faróis a LED levam vantagem.
As baterias evoluíram muito nos últimos anos, ficaram mais leves e duram mais tempo. Atualmente, as baterias e pilhas recarregáveis de íon de lítio (usadas em câmaras fotográficas digitais e notebooks) são mais eficientes, têm vida útil maior e não sofrem do efeito memória das antigas níquel-cádmio e NiHM.

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